domingo, 7 de outubro de 2012

Sim ou não?


 Esses dias me vi presa em dois sentimentos, na verdade em três, o de tristeza, felicidade e raiva. Esses sentimentos mudavam de forma esquecida, uma coisa que sinceramente não sei explicar direito, em um segundo estou dando pulos de alegria, e em outro vem aquela vontade louca de chorar, uma ânsia ridícula de uma saudade de algo que eu não sei. Era apenas uma saudade de um passado desconhecido, uma coisa sem mais nem menos, algo que nem eu sei do que se trata.
 Me estressava com tudo e com todos. Me tornei mais chata que o habitual, estava insuportável, nem eu mesma me aguentava as vezes, tudo o que eu queria muitas vezes era gritar, chorar sem motivos. Em outro momento, me sentia bem, completa, feliz comigo mesma. Como aqueles dias que nada lhe tira aquele sorriso do rosto, aquela felicidade repentina. Deve ser da idade, estou sofrendo muitas mudanças, muita coisa acontecendo, a cada dia que passa chego mais perto do meu futuro, algo incerto e complicado. Onde minha vida ira mudar completamente, onde me tornarei adulta e deixarei de ser essa meninazinha de 15 anos tola e retardada.
 As pessoas crescem, deve ser isso, não quero crescer. Ser adulto é muito complicado, muita pressão, muita reclamação, muitos afazeres, muita coisa. Será que eu aguento? Será que estou pronta para crescer e me tornar independente? Mas por outro lado sempre quis ser adulta, ter minha própria vida, ser dona de mim, fazer o que me der na telha, sair pra qualquer buraco, sei lá. Nem decidi ainda o que quero fazer da minha vida, do meu futuro. As vezes meu desejo é apenas fazer tudo o que me der vontade, não sei o que me espera amanhã, nem sei mesmo se estarei viva amanhã. Esse futuro é incerto a todos nós, sim, quero viver por muito tempo, quero conhecer novas pessoas, construir uma família, aproveitar tudo o que ainda há para ser aproveitado.
 Estou presa naquele dilema do sim ou não, posso ou não posso... Vou tentar me decidir, ler um bom livro, assistir um belo filme, chorar tudo o que a para ser chorado, e sorrir pois é isso que importa mais que tudo. E que a felicidade vire rotina! 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Querido diário (continuação)


 Querido diário. Desculpe por passar tanto tempo sem escrever, aconteceram tantas coisas nesses anos. Após aquele encontro com o John, percebi que meus sentimentos por ele ainda continuavam o mesmo. Até porque ele foi o meu primeiro amor, e o primeiro a gente nunca esquece. Mas mesmo assim me casei com Carl, ele era um homem perfeito, ideal pra mim. Apareceu na hora certa e no momento certo, me acolheu quando mais precisei, nosso relacionamento era perfeito. Claro, tivemos nossos desentendimentos, mais nos dávamos super bem, tivemos uma filha linda, que se chama Samanta.
 A poucos meses para a formatura de nossa filha Carl tem um ataque cardíaco e morre. Foram meses terríveis para nós duas, mas conseguimos superar na medida do possível. A formatura dela foi linda, ela estava radiante, ambas sabíamos que era isso que ele queria, e seguramos bem a barra. Sam entrou em uma ótima faculdade, onde conheceu um rapaz maravilhoso, o Peter, e começaram a namorar. 
 Aos poucos o relacionamento foi ficando serio, e eles resolveram apresentar os pais, só que os pais de Peter eram separados, e a mãe dele morava em Paris, então era apenas eu e o pai dele. Na hora do jantar a surpresa vem átona. John era pai dele. Já fazia vinte anos que não nos encontrávamos, estávamos ambos tímidos, deu para sentir que ainda havia sentimento em nós, e que toda a nossa história do passado ainda não havia sido encerrada. Falamos poucos, mas na saída ele me pediu o número do meu celular, e eu dei, começamos a manter contato, ele queria me encontrar no nosso antigo restaurante, acabei indo, mesmo achando que essa história não iria dar em nada.
 Marcamos o encontro, e foi uma noite ótima. Conversamos sobre tudo, falamos sobre esse tempo em que ficamos separados, e de como ele conheceu Clarice, sua ex-mulher. E eu contei sobre o meu relacionamento com Carl, e como ele me fez falta nesses anos. Passamos a noite toda conversando, parecia que o tempo não existia. Ainda existia algo fortíssimo entre nós. A noite se estendeu até meia noite, onde seguimos cada um para sua casa, mas já marcamos um novo encontro.
 Estávamos parecendo dois adolescentes, conversávamos todos os dias, de todas as formas possíveis, passamos horas ao telefone. Saiamos todos os finais de semana, e até mesmo algumas vezes na semana. Em um desses encontros, ele me levou a uma antiga boate na qual adorávamos ir quando mais novos, passamos a noite a dançar. Estamos vivendo ótimos momentos juntos, como amigos. Ainda não havia acontecido nada entre nós.
 Passamos mais ou menos uns dois meses nessas saídas, quando a bomba explodiu, a ex-mulher dele não queria assinar o divórcio, e queria tentar reatar o casamento. John ficou confuso, não sabia o que fazer, ainda gosta da mulher, mas não podia negar que também sentia algo por mim. Ele me perguntou o que deveria fazer, abriu seu coração. Eu sem saber o que falar, disse que ele deveria seguir seu coração, que ele iria dar a resposta correta no decorrer do tempo, e que era menor nos afastarmos um pouco para que ele pudesse tomar essa decisão sozinho.
 Passamos algumas semanas sem nos ver, e sem nos falar. Ele continuou a me ligar, me mandar mensagem, mas ignorei a maioria, não queria forçar a barra. Não queria que ele ficasse comigo só para tentar terminar algo que deixamos inacabado no passado. Mas ele me mandou uma mensagem falando que queria me encontrar e dizer o que tinha decidido. Marcamos o encontro, e ele me falou que iria encontrar Clarice, que iria viajar, mas não para ficar com ela, apenas para que ela assinasse o papel de divórcio, pois ele queria tentar ficar comigo, e que ele nunca me esqueceu. E que o passado já passou, e que estávamos diferentes, mais maduros e na melhor fase de sua vida, e que queria viver ela comigo.